Sempre busco fazer um paralelo entre o jornalismo tradicional e o de empresa para falar sobre a rotina do profissional de comunicação nas organizações, justamente por ser fácil identificar as adaptações feitas de um para o outro e para manter sempre em mente as raízes jornalísticas. Uma das etapas de produção adaptadas – talvez a que mais se encontre na posição de vítima – é a edição, que passa, constantemente, por interferências por conta do objetivo final da comunicação feita nas empresas – relembre o assunto no post “Nem tudo o que parece é”. A missão de conciliar estrutura, qualidade e compromisso com a informação com pedidos, ajustes e anseios do corpo gestor fica sob responsabilidade do editor.
Identificar o melhor canal de comunicação disponível é o primeiro passo para garantir a eficiência na transmissão de informações. Muitas das vezes a demanda chega à equipe de comunicação desestruturada e cabe aos profissionais da área direcioná-la ao melhor veículo, que não precisa, necessariamente, ser um canal jornalístico. Comunicados oficiais, por exemplo, não são publicações jornalísticas, são textos informativos, geralmente sobre procedimentos, normas, alteração de processos, que precisam ser de conhecimento dos colaboradores.
A partir do momento que um canal jornalístico é escolhido como meio transmissor da mensagem, entra em ação o editor, que precisa entender a demanda, estruturar a pauta e pautar o repórter – que em alguns casos chega a ser o próprio editor – para apuração das informações e produção do material, seja um texto, uma fotografia ou um vídeo. Algumas organizações têm como prática o envio do material pronto à fonte ou ao time de gestores para aprovação, atitude que divide opiniões no mercado. Há ganhos e perdas com este procedimento, mas a única certeza é a de que o editor precisará considerar, dentro do possível, os pedidos e sugestões de ajuste no conteúdo, sem comprometer as técnicas jornalísticas. E não é simplesmente por descaracterizar o produto, é para garantir eficiência na comunicação que precisam ser colocados pingos nos “is”.
Muito se fala sobre o papel do jornalista nas organizações e a diferença que faz o conhecimento adquirido em sua capacitação, mas, no momento em que coloca o que sabe em prática, precisa lidar com as interferências que surgem no dia a dia. Nestes casos, quem deve – ou ao menos deveria – dar a palavra final sobre a forma como será publicado o conteúdo? O editor. Sempre.
Gabriel Rocha
Excelente artigo!
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Muito bom. Linguagem simples de entender.
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