Palavras e neologismos do vocabulário corporativo

Jornalistas trabalham com palavras e passam a maior parte do tempo escrevendo. Mesmo que não seja em veículos de comunicação que tenham o texto como base, como é o caso de um jornal impresso ou de uma newsletter, canais como rádio, TV ou qualquer produto audiovisual para web precisam de roteiro. Até mesmo no caso de canais mais informais e colaborativos, como as redes sociais, o profissional conhecido como social media precisa escrever. O jornalista cria, ao longo de sua formação e de sua rotina de trabalho, uma relação bastante íntima com a gramática e com a ortografia: o dicionário, por exemplo, é parceiro de redação – seja físico ou virtual.

Nas organizações, muitas das vezes o profissional se depara com aplicações incorretas de diversas palavras que, no meio corporativo, acabam sendo usadas equivocadamente. Na maioria dos casos não é nada que prejudique o entendimento da mensagem a ser passada, pelo contrário, acaba facilitando a compreensão por se tornarem neologismos ou uma espécie de jargão. O verbo “consensar”, por exemplo, apesar de bastante usado em reuniões de trabalho, não é reconhecido pela Academia Brasileira de Letras e não encontra-se dicionarizado, portanto, não existe no vocabulário da língua portuguesa.

Nas conversas, uma palavra que, apesar de não estar presente exclusivamente em ambientes corporativos, mas costuma ser pronunciada em reuniões e apresentações quase sempre de forma errada é “subsídio”, que, deveria ser dita com som de “s” e não de “z”. Na nossa língua, a regra geral determina a pronúncia desta forma quando a letra “s” aparece depois de uma consoante. Tudo bem, há outros casos em que esta regra também não é aplicada e as palavras já soam até de forma natural, como “obséquio” e “subsistência”, que também deveriam, teoricamente, ser ditas com som de “s” em vez de “z”. Mas por que não passar a pronunciar todas da maneira correta, então? Nunca é tarde, a vida é um eterno aprendizado.

Outros casos são emblemáticos por se tratar de confusão entre palavras semelhantes, que muitas das vezes são ditas quando se quer, na verdade, usar a outra palavra. Ser “assertivo” não quer dizer que é certo, por exemplo, uma informação pode ser assertiva se apresentada de forma categórica, assumida plenamente pelo emissor, independentemente de estar correta ou não. Na maioria das vezes os colaboradores de uma empresa desejam informar que uma determinada decisão foi “acertada”, pois foi correta, mas acabam mencionando que foi “assertiva”. Uma decisão, na verdade, nem poderia ser assertiva, já que, teoricamente, não pode ser responsável por nada. No entanto, poderia ser acertada, se correta. O caso de “implementar” e “implantar” também é bastante curioso, vale procurar saber.

O jornalista de empresa precisa, portanto, saber lidar com as diferentes culturas reunidas em uma única organização, além, é claro, do vocabulário corporativo presente na maioria dos casos. Uma dica para quem deseja seguir a profissão – no Brasil, obviamente -, seria se aproximar das professoras de português desde os tempos de escola. É importante ser, desde cedo, um aliado da língua portuguesa.

Gabriel Rocha

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