O jornalista precisa apurar informações para produzir conteúdo, seja nos veículos tradicionais de jornalismo ou dentro das organizações. É natural da profissão. No entanto, nas empresas, quando não há a “pressão” ou a insegurança diante da imprensa e, consequentemente, a noção da proporção que uma determinada declaração pode tomar, muitas fontes deixam de dar a devida importância ao momento de apuração. Muitos acostumam-se com a proximidade existente entre jornalista e entrevistado, comum por dividirem o mesmo ambiente de trabalho e terem um mesmo objetivo, e deixam de levar a sério esta etapa fundamental para a produção da notícia – ou até mesmo para a criação de campanhas de endomarketing, por exemplo.
A apuração é a hora certa para que o repórter conheça os detalhes de tudo o que será noticiado, esclareça suas dúvidas e compreenda o contexto estratégico existente por trás da informação. É a etapa da produção de conteúdo em que o jornalista de empresa vai sugerir estratégias de comunicação, alertar a fonte sobre possíveis repercussões negativas e mostrar o que precisa ser dito aos colaboradores. Sim, o profissional de comunicação interna precisa atuar a serviço da empresa, claro, mas também precisa cumprir sua função de manter os colaboradores bem informados.
Os entrevistados devem levantar previamente informações que serão passadas e checá-las antes de conceder uma entrevista ou comparecer a uma reunião de apuração. No caso de executivos de grandes empresas, o tempo é precioso e a falta de informações precisas pode gerar, até mesmo, retrabalho devido à necessidade de checagem posterior. Obviamente, há exceções no caso de abordagens e menções a números específicos, que devem mesmo ser checados para garantir a consistência do dado, mas é preciso atenção ao participar da etapa de apuração de uma notícia. Transmitir informações a um repórter, para posterior publicação, é uma grande responsabilidade, afinal.
É bastante comum que haja processos definidos nas organizações para aprovação ou validação de conteúdos específicos antes de serem publicados. Há ganhos e perdas com a prática, mas uma coisa é certa: se não for dada a devida importância à apuração, o retrabalho com correções e ajustes será maior. A apuração é tão importante que, se bem conduzida pelo repórter e levada a sério pela fonte, pode simplificar ou até dispensar essa etapa de aprovação.
Uma fonte que encara a apuração com seriedade e tem consciência da informação que está sendo oferecida ao repórter, que prepara, antes da entrevista, o conteúdo e as mensagens que quer passar, ganha credibilidade e conquista a equipe de comunicação. Uma boa fonte para o jornalista de empresa não é apenas a proativa, que está sempre disponível, mas aquela que sabe exatamente o que dizer no momento ideal: na apuração.
Gabriel Rocha
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